O reconhecimento do marketing jurídico por parte da Ordem dos Advogados do Brasil é um marco histórico para a advocacia, visto que diversas estratégias de marketing já eram há muito praticadas por inúmeros profissionais. Entretanto, nunca houve uma manifestação clara nesse sentido por parte da OAB.
A liberação do marketing jurídico é uma grande oportunidade para os profissionais do direito que buscam inovar na sua atuação. Por isso, mais do que nunca será necessário o aperfeiçoamento de profissionais que ainda não possuem conhecimento básico em estratégias de marketing.
Além disso, é importante salientar que o Provimento Nº 205/2021 manifestou-se claramente acerca do impulsionamento de conteúdos jurídicos nas redes sociais, ou, como chamamos no marketing digital: tráfego pago.
Essa manifestação é de suma importância, pois, inúmeros profissionais já se utilizavam das ferramentas do Google e do Facebook para aumentar o alcance de seus conteúdos na internet, o que agora tem o respaldo da própria OAB.
Assim, como podemos usar o marketing jurídico no meio digital a favor da advocacia?
Marketing jurídico no digital
De início, é importante que os profissionais do direito entendam o que é, e qual a importância do marketing digital, para compreender e aplicar as estratégias do marketing jurídico na sua advocacia. Este ponto é importante principalmente para saber em qual momento o seu marketing se conecta.
O marketing digital é a forma pela qual aplicamos estratégias do marketing tradicional nos meios eletrônicos, como redes sociais, websites, blogs, entre outros. Há autores que afirmam que o termo marketing digital não existe e que a única diferença é o meio pelo qual as estratégias são aplicadas.
Entretanto, há uma grande diferença entre os consumidores que compram ou contratam serviços no meio offline e online. Por isso, é importante compreender que a aplicação de estratégias do marketing jurídico nos meios digitais será mais eficiente.
Diferenças entre marketing tradicional e marketing digital
Imagine que a atuação do seu escritório é apenas local. Você atua apenas no seu município e quem sabe, até na região, mas nada além desse espaço territorial. Além disso, vamos supor que a faixa etária da população dessa região seja maior entre indivíduos com 45-60 anos.
Nesse sentido, poderia ser mais vantajoso para o seu escritório uma atuação com estratégias do marketing tradicional no meio offline.
Com as estratégias do marketing tradicional o seu escritório focaria na criação de um cartão de visitas bem elaborado e publicação de artigos semanais nos jornais de circulação da região. Essa seria uma das formas de divulgar o escritório sem ir contra as disposições do Código de Éticas da OAB.
No entanto, vamos pensar em um cenário onde a sua região de atuação possua um grande número de habitantes jovens.
Dessa forma, a utilização do marketing digital pelo escritório poderia ser mais vantajosa, pois, de acordo com a Pesquisa sobre o Uso das Tecnologias de Informação e Comunicação nos Domicílios Brasileiros – TIC Domicílios 2019, o Brasil possui 133,8 milhões de usuários de internet, sendo que os maiores consumidores estão entre as idades de 10 a 44 anos.
Entretanto, a principal diferença entre os dois tipos de marketing é que o marketing digital permite a segmentação, e isso não é possível de forma alguma pelo marketing tradicional no meio offline.
O poder da segmentação no marketing digital
Vamos supor que o seu escritório pagou uma publicidade no jornal da sua região, e a sua marca será impressa no papel.
No entanto, seria possível mensurar quantas pessoas visualizaram aquela publicidade? Seria possível identificar o gênero e idade de quem visualizou aquele anúncio? Obviamente que não, pois não é possível sequer saber se aquela publicidade chamou a atenção de quem abriu o jornal.
Nesse ponto o marketing digital é muito superior ao marketing tradicional. Pois, através de ferramentas gratuitas é possível mensurar dados importantes para identificar a eficácia do investimento em publicidade. Inclusive, é possível fazer inúmeros testes para saber qual tipo de publicidade chamou mais a atenção do público.
E quando falamos em público, falamos em segmentar. No marketing digital é possível o escritório criar uma publicidade voltada apenas para mulheres ou homens, apontar a faixa etária para a qual será divulgada determinada campanha, informar o horário de divulgação da publicidade e muitas outras opções.
Isso quer dizer que o marketing digital é melhor que o marketing tradicional? De forma alguma. O que definirá se um é melhor que o outro será a estratégia adotada pelo escritório. Somente com uma estratégia definida é que o profissional saberá qual dos dois tipos será mais eficiente.
Se fazer presente no momento da necessidade do cliente em potencial
Outro ponto forte do marketing digital é que o escritório de advocacia pode se fazer presente no momento em que um potencial cliente está precisando de seus serviços jurídicos. É plenamente possível criar conteúdo jurídico para as redes sociais e ser contratado porque o usuário que acompanha o escritório nas mídias digitais já encontrou ali uma autoridade sobre o assunto para o qual ele necessita ajuda.
Obviamente, essa é uma estratégia que necessita de tempo e demanda trabalho para começar a trazer um retorno significativo. A estratégia consiste em criar conteúdo jurídico com base no modelo AIDA, método criado em 1898 pelo publicitário Elias St. Elmo Lewis, que tem por objetivo de chamar a atenção do usuário, manter o interesse, criar o desejo e convencê-lo a tomar uma ação.
Dessa forma, o conteúdo jurídico será criado com o objetivo de demonstrar o direito (chamar a atenção), logo após, o usuário sabendo que possui um direito que desconhecia, encontrará um problema e realizará pesquisas acerca daquele direito (manter o interesse). E essa pesquisa pode se dar no próprio blog do escritório, pois o conteúdo que apontou o direito para o usuário estará estrategicamente ligado a um artigo no blog. Com isso, o usuário já identificou um direito, leu um artigo sobre o seu problema, e agora sabe que o escritório atua para solucionar os problemas como o dele (criar o desejo). Assim, através de uma estratégia de marketing jurídico o escritório educou um usuário, apontou para um problema que ele desconhecia, demonstrou uma possível solução e agora esse usuário está no processo de relacionamento, onde poderá entrar em contato com o escritório e contratá-lo (tomada de decisão).
Realização de testes
Somente com o marketing digital é possível realizar testes para identificar o que pode ser eficiente ou ineficiente. Como vimos, ao fazer uma publicidade paga em uma revista ou jornal, não é possível mensurar sua eficácia. Por outro lado, no marketing digital é possível concluir se um anúncio está performando melhor ou pior que o outro.
Sem dúvida essa é uma possibilidade que permite que o escritório ou profissional do direito evite gastar dinheiro com uma publicidade que não está atingindo seu objetivo. Por exemplo, se o escritório desejasse aumentar seu território de atuação. Com o marketing tradicional teria que investir em anúncios no jornal daquela região e esperar para ver se teria resultados.
Meios digitais para o marketing jurídico
Há inúmeros profissionais que acreditam que o marketing jurídico se trata apenas de criar posts para o Instagram e Facebook. No entanto, quando se trata de estratégia de marketing jurídico de excelência, as duas redes sociais são apenas a ponta do iceberg.
Como vimos anteriormente, é muito importante que os conteúdos criados sigam conectados, fazendo com que o usuário tenha sua atenção chamada e, ao mesmo tempo, continue interessado nas soluções oferecidas pelo profissional.
Um exemplo disso pode ser a criação de um post para as redes sociais sobre um direito que o usuário não sabia ter, com uma imagem que chame sua atenção, e que o leve também a ler um conteúdo no blog do escritório. Dessa forma, o usuário tem a sua atenção chamada no post, mas há um elemento a mais, o artigo que ele irá consumir, e possivelmente, entrar em contato com o escritório para sanar as dúvidas ou até mesmo contratá-lo.
Nesse aspecto, o escritório pode utilizar estratégias do marketing tradicional no ambiente digital sem qualquer prejuízo. Contudo, é importante que os conteúdos estejam conectados com as dores e necessidades do possível cliente.
Um funil de vendas
Imagine um funil. No topo estão os diversos usuários que nesse momento realizam algum tipo de pesquisa sobre um problema que a sua advocacia pode resolver. Ao criar uma publicação para as redes sociais, tipo “Você sabia que o consumidor pode devolver um produto dentro de 7 dias após a compra pela internet?”.
Dessa forma, o escritório também criará um artigo sobre esse direito do consumidor. Assim, os usuários que estão com algum tipo de problema nesse sentido, poderão engajar com a publicação nas redes sociais e visitar o blog do escritório, aonde encontrarão as possíveis soluções para esse assunto. Temos, portanto, o meio do funil, o qual manterá o usuário interessado no conteúdo.
Após a leitura do artigo, este usuário poderá ou não, decidir entrar em contato com o escritório de modo a contratar os serviços jurídicos oferecidos, e assim, o usuário chegou ao fim do funil de vendas.
Forma gratuita de marketing jurídico
Outro exemplo que pode ser utilizado, que gera grandes resultados e é totalmente gratuito, é a criação de uma conta no Google Meu Negócio.
Assim, é bem possível que uma pessoa encontre o seu escritório no Google Meu Negócio bem na hora em que mais necessita.
Neste artigo eu falo o que é o Google Meu Negócios para Advogados (clique aqui e leia depois) e quais são as vantagens de criar o perfil do escritório na ferramenta, e neste outro artigo eu apresento 5 dicas valiosas para o seu Google Meu Negócio sair na frente da concorrência (clique aqui para ler depois).
Conclusão
Não restam dúvidas de que a aplicação do marketing jurídico no meio digital é uma ótima oportunidade para profissionais que estão buscando inovação no direito. Ainda mais em tempos onde a concorrência aumenta cada vez mais.
É possível que escritórios de advocacia criem conteúdos informativos para as redes sociais a fim de chamar a atenção dos usuários.
Dessa forma, estes usuários, ao descobrirem um direito, acessarão o conteúdo publicado no site do escritório, que manterá o usuário informado e interessado.